domingo, 20 de outubro de 2013

Sebastiano Biavati


Sebastiano Biavati foi tanto curiosidade como curador do famoso gabinete de curiosidades Museo Cospiano de Ferdinando Cospi, em Bolonha, no século 17. Era seu dever de cuidar da fabulosa coleção de Cospi (em ambos os sentidos da palavra), bem como apresentar-se aos seus curiosos visitantes.


Ferdinando Cospi e seu guardião Sebastiano Biavati (De Museo Cospiano, Bologna, 1677)

Marchese Ferdinando Cospi era um colecionador aristocrática do século 17 que se interessava sobretudo por curiosidades naturais. Como outras coleções de seu tempo, a sua era recebida com bastante restrição aos olhos dos outros nobres, estadistas e ricaços. Cospi se deleitava com sua coleção particular (que foi doada à Bolonha para pesquisa na segunda metade de sua vida) onde constavam itens que chocavam, impressionavam e divertiam.      


Pelo que li, o anão Sebastiano Biavati não era um funcionário de Cospi, nem havia entre eles uma relação de amizade, como ocorreu entre Tom Thumb e P T Barnum. Biavati foi mais um item (só que vivo) de Cospi.

Infelizmente não encontrei muitas informações sobre o anão Sebastiano. E as que encontrei são um tanto nebulosas. Mas fica aqui o registro deste zelador de gabinete de curiosidades.

Sebástian Morra

Bufón don Sebastián de Morra, de Diego Velásquez. Museu del Prado, c. 1645.



O pintor Diego Velásquez tinha no retrato seu tema maior. Pintou inúmeras figuras da corte de sua época. Com origem na tradição medieval, as cortes europeias costumavam incorporar pessoas excluídas do contexto social para atuar como bobos da corte. Na rigorosa corte do rei Felipe IV essas pessoas tinham a liberdade de parodiar sobre os fatos e burlar as regras de etiqueta da época. 

Aqui vemos que o anão Sebástian de Morra foi retratado por Velásquez como qualquer outra pessoa. Com sua individualidade e sua dignidade.

sábado, 12 de outubro de 2013

Chumbinho


Chumbinho, ator brasileiro presente em diversas comédias eróticas dos anos oitenta. Fui conferir no IMDB e lá consta a participação do ator em 11 filmes nacionais, que vão de 1984 a 1987. São eles: Edifício Treme-Treme, Bobeou... Entrou, Venha Brincar Comigo, Tentações, Miss Close, Um Pistoleiro Chamado Papaco, Pau na Máquina, O Garanhão Erótico, Fuk Fuk à Brasileira, Cambalacho Sexual e As Taras de um Minivampiro.



Infelizmente o Brasil é um país que renega a própria cultura. Mesmo as pessoas que gostam de esquisitices e trasheiras gostam muito mais das esquisitices e trasheiras estrangeiras que as brasileiras. Por isso quase nada se sabe sobre Chumbinho. Nem seu nome verdadeiro, quando nasceu, ou sequer se está vivo. Mas ao menos eu colocarei neste post algumas fotos, vídeos e informações sobre os filmes feitos pelo mais famoso anão da pornochanchada brasileira.


Sou humilde o bastante pra dizer que o melhor texto já feito em homenagem ao Chumbinho pode ser encontrado no Contraversão, de Felipe Lisboa Castro. Muita das informações contidas aqui foram conseguidas lá.

Neste vídeo a seguir vemos o ator numa fantasia de macaco. Cena absolutamente delirante.


Nesta outra cena, do fantástico Um Pistoleiro Chamado Papaco, vemos Chumbinho enfim com falas. Pros mais curiosos, o filme pode ser encontrado completo no youtube (sem as desnecessárias cenas de putaria).


E a seguir, uma cena de seu último filme conhecido, As Taras de um Minivampiro.


Chumbinho tinha muito carisma, e era notório por nunca comer ninguém nos filmes. É uma figura mítica, que se tivesse nascido nos EUA e feito filmes com o John Waters seria celebrado no mundo todo.


No blog do Carlos Primati, nos comentários desta postagem de 2010, li que Chumbinho estava na mais completa miséria, vivendo nas ruas, dormindo em bancos de praça num bairro da alta periferia de São Paulo. Totalmente alcoolizado, dia e noite, foge de todos os albergues pra onde é levado, voltando para as ruas e não aceitando ajuda de ninguém. É muito provável que já tenha morrido.



Bridget Powers


Seus pais se divorciaram quando ela tinha um ano de idade, e ela foi submetida a uma série de operações entre a idade de três e quatorze anos para corrigir pernas arqueadas. O resultado a deixou com uma perna reta e uma que aponta para a esquerda. Até hoje Bridget Powers tem que usar uma joelheira.



Ela foi descoberta em uma boate gótica por um homem que estava trabalhando como um maquiador para um filme pornográfico com vampiros góticos. Ela fez seu primeiro filme pornô em 1999. De acordo com sua própria contagem, ela apareceu de 65 a 70 filmes originais, e se contar com as coletâneas elas passam de 110. Mas ela logo abandonou a indústria do pornô, pois ela insistia em usar preservativos, coisa que desagradava os atores. Desiludida com a exploração do indústria do cinema pornô, ela então criou seu próprio site.



Ela foi apresentadora de rádio e também teve uma banda chamada Blakkout. Além de seus papéis em filmes eróticos, ela já apareceu em vários filmes mainstream, como em 8mm, SWAT, Confissões de uma Mente Perigosa, e filmes independentes como Na Ponta dos Pés.



Ela apareceu como ela mesma no documentário da HBO, Cathouse, de 2002, que explorou a vida dos proprietários, gerentes, funcionários e clientes do bordel Moonlite Bunny Ranch em Nevada. Como "Bridget the Midget" foi destaque em um episódio da série History Channel Wild West Tech. Em 2006, ela apareceu em um episódio do reality show da VH1, The Surreal Life. Ela também apareceu em The Howard Stern Show on E!



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

General Tom Thumb


General Tom Thumb é o nome artístico de Charles Sherwood Stratton (04 janeiro de 1838 - 15 de julho de 1883), um anão que alcançou grande fama no circo do pioneiro PT Barnum.

por volta de 1941

Stratton era filho de um carpinteiro de Bridgeport, Connecticut, chamado Edward Sherwood Stratton. Sherwood se casou com sua prima em primeiro grau Cynthia Thompson. Avós maternas e paternas de Charles Stratton, Amy e Mary Ann Sharpe, teriam sido gêmeas anãs.


Nascido em Bridgeport de pais que eram de estatura mediana, Charles nasceu um bebê relativamente grande, pesando 4,3 kg ao nascer. Ele se desenvolveu e cresceu normalmente durante os primeiros seis meses de vida, quando atingiu 64 cm de altura e pesava 6,8 kg. Então ele parou de crescer. Seus pais ficaram preocupados quando, depois de seu primeiro aniversário, notaram que ele não tinha crescido nada nos seis meses anteriores. Mostraram-lhe a seu médico, que disse que havia poucas chances de Charles crescer ou chegar a uma altura normal.


No final de 1842, Stratton não tinha crescido um centímetro de altura ou engordado um quilo, desde quando tinha seis meses de idade. Mas ele era uma criança totalmente normal, saudável, com vários irmãos que eram de tamanho médio.


P.T. Barnum, um parente distante, ouviu falar de Stratton e depois de entrar em contato com seus pais, ensinou o menino a cantar, dançar, fazer mímica, e imitar pessoas famosas. Barnum entrou no negócio de entretenimento com o pai de Stratton, que morreu em 1855. Stratton fez sua primeira turnê pela América com a idade de cinco anos, com roteiros que incluíam interpretações de personagens como Cupido e Napoleão Bonaparte, bem como canto, dança e brincadeiras cômicas com outro artista. Foi um enorme sucesso e a turnê foi expandida.


por volta de 1861 



Um ano mais tarde, Barnum levou o jovem Stratton em uma turnê pela Europa, o que o tornou uma celebridade internacional. Stratton se apresentou duas vezes para a rainha Victoria. Ele também se encontrou com o príncipe de Gales - aos três anos de idade -, que mais tarde se tornaria o Rei Edward VII. A turnê foi um grande sucesso, com multidões o seguindo onde quer que ele fosse.



Em 1847, ele começou a crescer pela primeira vez desde os primeiros meses de sua vida, mas com extrema lentidão. Em janeiro 1851 Stratton ficou com exatamente 74 cm de altura. Em seu aniversário de 18 anos, ele foi medido em 82,6 centímetros de altura. Ele se tornou um maçom em 3 de outubro de 1862, com 89 cm de altura, e foi empossado com um homem, com 191 cm.


Em 10 de fevereiro de 1863 ele se casou com Lavinia Warren, também uma pessoa pequena. O evento tornou-se notícia de primeira página. O casamento teve lugar na Igreja Episcopal Grace e recepção do casamento foi realizada no Metropolitan Hotel. O casal estava em cima de um piano de cauda para cumprimentar cerca de 10.000 pessoas. O padrinho no casamento foi George Washington Morrison ("Commodore") Nutt, outro performer anão empregado por Barnum. A dama de honra foi Minnie Warren, irmã ainda menor de Lavinia. Após o casamento, o casal foi recebido pelo presidente Lincoln na Casa Branca. Stratton e sua esposa fizeram uma turnê juntos na Europa, bem como em Bangladesh.




Sob a gestão de Barnum, Stratton tornou-se um homem rico. Ele era dono de uma casa na parte elegante de Nova York. Ele também era dono de uma casa especialmente adaptada em uma das Ilhas Thimble de Connecticut. Quando Barnum entrou em dificuldades financeiras, Stratton o ajudou. Mais tarde, eles se tornaram parceiros de negócios. Stratton fez sua última aparição na Inglaterra em 1878.



Em 10 de janeiro de 1883, ele estava hospedado no Newhall House, em Milwaukee, quando houve um grande e terrível incêndio. Mais de 71 pessoas morreram, mas Tom e Lavinia foram salvos por seu gerente, Sylvester Bleeker.


Seis meses depois Stratton morreu repentinamente de um acidente vascular cerebral. Ele tinha 45 anos, 102 centímetros de altura e pesava 32 kg. Mais de 20 mil pessoas participaram do funeral. PT Barnum comprou uma estátua em tamanho real de Tom Thumb e colocou-o como lápide em Mountain Grove Cemetery, em Bridgeport, Connecticut. Lavinia Warren está enterrada ao lado dele com um simples túmulo de pedra que diz: "Sua esposa".



Em 1959, vândalos quebraram a estátua. Foi restaurado pelo Barnum Festival Society and Mountain Grove Cemetery Association com recursos captados por subscrição pública.

A causa da extrema pequenez de Stratton ainda é desconhecida. Raios-X não foram descobertos até 1895, 12 anos após a morte de Stratton, e as técnicas médicas da época não foram capazes de determinar a patologia subjacente ao seu nanismo.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Família Ovitz


Os Ovitz eram uma família de atores e músicos judeus que sobreviveram à prisão no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria deles eram anões. Eles eram a maior família de anões já registrados e foram a maior família (doze membros, incluindo desde um bebê de 15 meses de idade até uma mulher de 58 anos de idade) a entrar e sair vivos e intactos de Auschwitz.


A família Ovitz é originária de Maramures County, Romênia. Eles eram descendentes de Shimson Eizik Ovitz (1868-1923), um artista badchan (comediante erudito), rabino itinerante e anão. Foi pai de dez crianças no total, sete anões (afigidos com pseudoachondroplasia), fruto de dois casamentos.


Os filhos de seu primeiro casamento, com Brana Fruchter (ela era de estatura média), Rozika (1886-1984) e Franzika (1889-1980), eram ambas anãs. A segunda esposa de Shimson, Batia Bertha Husz, era de estatura média, e lhe deu os seguintes filhos: Avram (1903-1972) (anão), Freida (1905-1975) (anão), Sarah (1907-1993) (altura média), Micki (1909 -1972) (anão), Leah (1911-1987) (altura média), Elizabeth (1914-1992) (anão), Arie (1917-1944) (altura média), e Piroska (1921-2001), também conhecido como Perla (anão).


Batia deu à sua família um conselho que ficaria com eles para o resto de suas vidas, e que no final acabaria os salvando. Ela disse: "nos bons e maus momentos, nunca se separem, fiquem juntos. Protejam uns aos outros, e vivam uns para os outros". O único irmão, Arie, que não seguiu o conselho de sua mãe foi morto tentando escapar de um Campo de Trabalho húngaro, e sua esposa, sua filha recém-nascida e seus sogros foram mortos em Auschwitz.


Os filhos fundaram seu próprio conjunto, a Trupe Lilliput. Eles cantavam e tocavam músicas usando pequenos instrumentos, excursionando por toda Romênia, Hungria e Tchecoslováquia, de 1930 a 1940. Os parentes mais altos ajudavam nos bastidores. Os Ovitz cantavam em iídiche, húngaro, romeno, russo e alemão. Quando eles não estavam em turnê viviam em uma única casa com seus cônjuges.


No início da II Guerra Mundial havia 12 membros da família, sete deles anões. Quando a Hungria tomou o norte da Transilvânia, em setembro de 1940, as novas leis raciais proibiram artistas judeus de entreter os não-judeus. Embora os Ovitz fossem judeus praticantes, obtiveram documentos que omitiam o fato de que eles eram judeus, o que possibilitou suas turnês até 1944. Em 12 de maio de 1944 todos os doze membros da família foram deportados para Auschwitz. Um irmão mais alto escapou da deportação, mas mais tarde foi preso e executado.


Uma vez no acampamento, os Ovitz atrairam a atenção do médico do campo, o alemão nazista Josef Mengele (conhecido como o Anjo da Morte), que reunia curiosidades para suas próprias experiências sobre hereditariedade. Ele separou os Ovitz do resto dos reclusos para adicioná-los à sua coleção de cobaias. Ele estava curioso sobre o fato de que a família incluía tanto anões quanto membros mais altos. Onze outros prisioneiros alegaram ser seus parentes, e Mengele moveu todos eles para instalações separadas.

Josef Mengele

Querendo poupar o grupo de anões (porque eles eram mais difíceis de encontrar do que outros tipos de cobaias, como gêmeos), Mengele conseguiu que aposentos especiais fossem construídos para eles, afim que pudessem ser monitorados. Para mantê-los saudáveis ​​para suas experiências, cuidou para que eles tivessem mais condições de vida de higiene, melhor comida e as suas próprias roupas de cama. Mengele ainda permitiu-lhes manter suas próprias roupas, e obrigou os membros mais altos do grupo a levar os anões para os locais de experimentação .


Os Ovitz, como muitos outros prisioneiros do campo, foram submetidos a vários testes. Médicos de Mengele extraíram medula óssea e tiraram dentes e cabelos para encontrar sinais de doenças hereditárias. Eles jogaram água quente e fria em seus ouvidos e cegaram alguns com gotas químicas. Ginecologistas inspecionavam as mulheres casadas. O bebê de dezoito meses, Shinshon Ovitz, teve as piores provações, pois ele tinha pais mais altos e nasceu prematuro; Mengele extraiu sangue das veias atrás de suas orelhas e dos dedos. Os Ovitz também testemunharam dois anões recém-chegados sendo mortos e fervidos para que seus ossos pudessem ser expostos em um museu. Mengele também os filmou, embora esse suposto filme nunca tenha sido encontrado.


Eles esperavam se mortos quando Mengele terminasse seus experimentos, mas viveram para ver a libertação de Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. O Exército Vermelho os levou para a União Soviética, onde viveram em um campo de refugiados por algum tempo antes de serem liberados.

Os Ovitz viajaram a pé por sete meses até chegarem em sua aldeia natal. Eles encontraram a sua casa saqueada, mudaram para a vila de Sighet e depois para a Bélgica. Em maio de 1949, imigraram para Israel, estabelecendo-se em Haifa, e começaram suas turnês novamente, sendo muito bem sucedidos e lotando grandes salas de concerto. Em 1955, aposentaram-se e compraram uma sala de cinema.

Documentário de 45 minutos sobre os Ovitz. Em espanhol.

Descendentes dos homens anões da família nasceram mais altos, mas as mulheres não engravidaram devido a suas pélvis muito pequenas. O primogênito dos anões, Rozika Ovitz, morreu em 1984, aos 98 anos de idade. O último anão sobrevivente da família, Perla Ovitz, adulto morreu em 2001.