Antes de começar a ler, veja o vídeo. É curtinho, e dá uma boa ideia da dinâmica do time.
Passei um tempo tentando escrever um texto sobre este que foi o primeiro time de futebol do mundo formado exclusivamente por anões (foi, pq, como direi mais pra frente, houve um racha na equipe). Mas enfim, há um texto feito em 2010 para a revista TRIP, do jornalista Caio Ferretti, que está tão bom que resolvi ser um canalha picareta e colar o texto dele aqui no blog. Espero que ele não fique puto.
Foto: Érico Hiller
Foto: Érico Hiller
alguns lances do time
Mas Vagner, o Casemiro, não é o único jogador com pinta de famoso no plantel do time de Belém do Pará. Para tabelar com ele entra em campo praticamente uma seleção inteira formada por minissósias, com Adriano Imperador, Ronaldo Fenômeno, Robinho, Cafu, Petkovic, Kaká, Mineiro e Romarinho. “Nossos sósias são bem melhores que os verdadeiros. O Vagner do Pará dá show, é ambidestro, sobe na bola e é veloz”, comenta o Dunga do time, o treinador Max Goiano. Curiosamente, o único nome alterado para o diminutivo foi o de Romário. Michel Alves, o Romarinho, comenta com personalidade de jogador tetracampeão a alcunha que recebeu. “Acho que a principal diferença entre nós é só o tamanho. E um pouquinho de futebol. Falta muito, mas eu também chego aos mil gols.” E quantos você já tem? “Por enquanto três.”
Foto: Érico Hiller
O pontapé inicial do Gigantes do Norte aconteceu em 2007. Na época, o anão Alberto Jorge, conhecido como Capacidade, era mascote do time paraense Tuna Luso, mas queria ser mais. Com apenas 1,30 m, mas muita habilidade, ele conseguiu convencer o técnico da equipe profissional, Carlos Alberto Lucena, a deixá-lo participar de alguns treinos. Num desses encontros surgiu a ideia de formar o time de futebol só com anões. Capacidade, que além de mascote também trabalhava em um programa da televisão local, aproveitou o espaço na telinha para convocar interessados em integrar o time. Bastou uma chamada para que míticos sete anões aparecessem. “Quando vieram 15 começamos a treinar na metade do campo. Agora já somos 22, e o campo inteiro é pequeno pra nós”, diz Capacidade.
Foto: Érico Hiller
As tradicionais piadas viraram cumprimentos nas ruas de Belém e nas cidades do interior em que o time é convidado para jogar. “Agora eles têm até acompanhamento com psicólogo, porque antes não estavam acostumados a ter todo esse contato com o público, a dar autógrafos e a posar para fotos”, conta o preparador físico Wendel Lira. Resultado da fama: marias chuteiras. Vários jogadores do time arranjaram namoradas durante as “turnês” pelo interior do Pará. E não pense que elas também são anãs. “Conheci a minha em Castanhal. Cheguei pra ela e falei: ‘Prazer, eu sou o Vagner Love do Gigantes do Norte. Gostaria de namorar você’”, conta. E ela te acompanha nos jogos? “Não gosto de levar. Prefiro andar mais solteiro pra dar umas piscadas pras gatinhas que conhecemos.” E logo retrocede: “Mas eu sou fiel, viu?”.
Foto: Érico Hiller
Fomos conferir esse assédio e saímos na noite de Belém com alguns jogadores do Gigantes. A noitada seria em um pagode com show ao vivo e regado a cerveja. Adriano, o jogador do Flamengo de famosas baladas no Rio de Janeiro, estava ali representado por sua versão em miniatura. As evidências da fama apareceram quando uma morena abandonou três homens de 1,90 m cada um para tietar, ou melhor, agarrar os anões. A moça só parava de dançar com eles para que os pedidos de foto fossem atendidos. E foram muitos. Um reconhecimento que veio até da banda que estava em cima do palco: “Eu queria agradecer o pessoal do Gigantes do Norte, que leva a bandeira do Pará pro país todo e está aqui hoje fotografando para uma matéria!”.
Os jogos do Gigantes do Norte são sempre atração nas cidades em que passam. Como eles ainda não encontraram outra equipe de anões para encarar no campo, as partidas são amistosos festivos contra times sub-15, meninas ou masters. Mas eles não costumam ter vida fácil. “O pessoal joga duro contra nós. Sabe o que é? Eles não querem perder pra anões, porque aí fica feio. Jogamos em cidades pequenas e todo mundo vai tirar sarro depois”, explica o treinador. Mas nada disso impede que o time vença quase todas as partidas. E com direito a goleadas tão largas quanto as aplicadas ultimamente pelos meninos da Vila – inclusive com dancinhas pra comemorar quando a rede balança.
Foto: Érico Hiller
Os empecilhos que a estatura impõe são driblados com a inteligência. “Quando acontece uma falta contra o nosso time um sobe em cima do outro pra fazer a barreira. Assim o cobrador perde um pouco da visão do gol”, revela Max Goiano. Em caso de escanteio a favor, a tática é a mesma: montar no companheiro. Uma jogada extra ensaiada na tentativa de anotar um gol de cabeça. “Eles já estão bastante práticos, são muito rápidos tanto pra subir quanto pra descer. A torcida vai ao delírio nessas horas.”
Foto: Érico Hiller
No fim das contas, ficou assim: Lucena foi em busca de novos talentos e montou o Gigantes do Norte 2, com 16 anões, com destaque para Loco Abreu, o único anão japonês do Brasil.
Loco Abreu (esq.) e Neymar (dir.)
Quanto ao Gigantes do Norte, Capacidade foi atrás de patrocinadores para profissionalizar o time. Nem cnpj tinham! Foi então que o empresário Relton Osvaldo surgiu pra se tornar presidente do clube. Contratou um treinador, e a equipe treina 2 vezes por semana num campo society da cidade. Mas a previsão é de que em 2013 eles tenham um campo só pra eles. Mais detalhes das notícias, clique aqui. Pra ver o facebook deles, clique aqui.
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