quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Billy Barty


Billy Barty (25 de outubro de 1924 - 23 de dezembro de 2000) foi um ator de cinema norte-americano. Na vida adulta media um metro e quatorze centímetros, e por causa de sua baixa estatura, ele era frequentemente escalado para filmes e episódios de tv, atuando ao lado de artistas mais altos. Era conhecido por sua grande energia e entusiasmo em qualquer produção da qual participasse.




De ascendência italiana, Barty, nasceu William John Bertanzetti, em Millsboro, Pensilvânia. De 1962 até sua morte, ele foi casado com Shirley Bolingbroke de Malad City, Idaho. Eles tiveram dois filhos, Lori Neilson e o produtor de cinema e tv Braden Barty. Barty e sua família eram membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons).


Ele contracenou com Mickey Rooney nos curtas mudos de Mickey McGuire, uma série de comédias infantis da década de 1920 similar no tom às comédias de "Our Gang" e "Little Rascals". Em The Gold Diggers of 1933, Barty, então com nove anos, apareceu no papel de um bebê que escapa do carrinho.




Em função de sua estatura, muito de seu trabalho consistiu de pequenas partes, embora ele tenha aparecido com destaque em The Day of the Locust (1975), W. C. Fields and Me (1976), The Happy Hooker Goes To Washington (1977), Foul Play e The Lord of the Rings (ambos de 1978), Under the Rainbow (1981), Night Patrol (1984), Legend (1985), Masters of the Universe (1987), Willow (1988), UHF (1989), Life Stinks e Radioland Murders (1994). Ele também fez uma notável interpretação do pianista Liberace. Ele se apresentou no grupo de comédia musical de Spike Jones nos palcos e na televisão.




Barty também estrelou um programa de televisão do Sul da Califórnia em meados da década de 1960, de nome "Billy Barty's Bigtop", que mostrava com frequência curtas d'Os Três Patetas. Um dos três participantes do grupo, Moe Howard visitou-o no programa na condição de convidado-surpresa. O programa deu a muitas crianças da região de Los Angeles a primeira oportunidade de se familiarizar com pessoas mais baixinhas, até então mais mostradas apenas como curiosidades.


Barty era um ativista notável para a promoção de direitos para outras pessoas com nanismo. Ele ficou desapontado com a insistência do contemporâneo Hervé Villechaize que afirmava que eram "anões", em vez de atores com nanismo. Barty fundou a Little People of America organização para ajudar as pessoas com nanismo em 1957, quando ele chamou as pessoas de baixa estatura para se juntar a ele em uma reunião em Reno, Nevada. Essa reunião original de 21 pessoas cresceu e se tornou Little People of America, um grupo que até 2010 tinha mais de 6.800 membros. Foi a primeira organização norte-americana para pessoas pequenas.

Billy Bart e Anões da América reunidos em Reno, 1957.



sábado, 17 de agosto de 2013

Tony Cox


Quem nunca se acabou de rir com esse cara precisa urgentemente abrir o torrent e baixar clássicos do porte de Eu, Eu Mesmo e Irene; Papai Noel às Avessas e Sexta Feira em Apuros. Com seu jeito mau humorado e turrão, esse americano nascido em 1958 foi construindo uma respeitável carreira em Hollywood, sendo reconhecido de imediato, mesmo quando é um coadjuvante.


Nascido em Manhattan, Nova Yorque, passou a infância em em Uniontown, Alabama, com seus avós. Conheceu sua futura esposa, Otélia, durante o ensino médio. Casaram em 1981, quando Tony tinha 23 anos.

Tony Cox tocava bateria desde os 10 anos de idade, e após o ensino médio foi para a universidade do Alabama para estudar música. Mas ele tocava de ouvido, e era incapaz de ler partituras. Isso fez com que ele não conseguisse ser admitido no curso.

PENITENTIARY II, Tony Cox, 1982

Pouco tempo depois Cox resolveu investir na atuação, inspirado pelo ator Billy Barty, também anão e fundador da organização Little People of America. Incentivado por parentes e amigos ele se mudou para Los Angeles aos 18 anos e começou a ter aulas de atuação.


Sua primeira participação no cinema se deu aos 22 anos, ainda com o nome de Joe Anthony Cox, em 1980, na comédia de horror Dr. Heckyl and Mr. Hype.  Participou de um filme do Cheech e Chong e algumas comédias, comerciais e programas de tv. Em 1983 ele foi um dos Ewoks no Star Wars - O Retorno de Jedi (ele interpretou o Ewok Widdle Warrick, que também aparece em Caravana da Coragem e A Batalha de Endor). Participou também de Willow - Na Terra da Magia.

Pra quem quiser uma tarde agradável, taqui os dois filmes com a dublagem original.


Os dois clipes a seguir, o primeiro do Eminem, e o segundo do Snoop Dogg, tem a participação de Tony Cox.



Bem, é isso. A seguir, algumas imagens de filmes em que ele participou.








Gigantes do Norte

Antes de começar a ler, veja o vídeo. É curtinho, e dá uma boa ideia da dinâmica do time.


Passei um tempo tentando escrever um texto sobre este que foi o primeiro time de futebol do mundo formado exclusivamente por anões (foi, pq, como direi mais pra frente, houve um racha na equipe). Mas enfim, há um texto feito em 2010 para a revista TRIP, do jornalista Caio Ferretti, que está tão bom que resolvi ser um canalha picareta e colar o texto dele aqui no blog. Espero que ele não fique puto. 



Foto: Érico Hiller

"O calção deveria ficar um pouco acima do joelho, mas como não foi feito sob medida quase toca as chuteiras número 30. O meião, que nem é tão grande assim para merecer o aumentativo, fica encoberto e praticamente não aparece. Assim, é impossível saber se as minicaneleiras estão devidamente colocadas. A camiseta vermelha com detalhes verdes é a menor possível, tamanho infantil, mas quando a manga não está dobrada alcança as correntes que ocupam os pulsos. Mas nada disso impede que a bola seja muito bem tratada. Bola, aliás, que no tamanho oficial chega quase na altura do joelho. Um chute com o peito do pé é basicamente um chute com a canela toda. Problema? Nenhum, Vagner Love tira todas as adversidades – e os adversários – de letra. Ele e todos os outros jogadores do Gigantes do Norte, de Belém do Pará, o primeiro time de futebol de anões do mundo.



Foto: Érico Hiller

Vagner Love, no caso, é Casemiro Leal. Tem 1,20 m de altura e quando tem a bola nos pés castiga os outros times. “Meu tamanho ajuda a driblar, principalmente quando o cara é bem grande. Já meto a bola debaixo das pernas, deixo deitado e mando bailar”, diz sem se preocupar com a modéstia. E você passa junto com a bola? “Não, não! Só a bola. Se eu passar ele me prende entre as pernas. E, aí, como é que vai ser o negócio?” Aos 26 anos, ele é a estrela do time – e se comporta como tal. Óculos escuros, correntes no pescoço, marra no jeito de andar e discurso de craque camuflam a simplicidade de quem já ouviu muita piada por causa do tamanho. E, se a ideia é ser comparado ao atacante do Flamengo, ele incorpora o personagem para comentar o jogo em que o time carioca eliminou o Corinthians da Copa Libertadores da América. “O Ronaldo que me desculpe. Ele até meteu um gol de cabeça, mas o Vagner é do Império do Amor. Deixou na área é pênalti. Aí, já viu, caiu pra esquerda, direita, é gol. Vagner acabou com o Corinthians.”


alguns lances do time
Mas Vagner, o Casemiro, não é o único jogador com pinta de famoso no plantel do time de Belém do Pará. Para tabelar com ele entra em campo praticamente uma seleção inteira formada por minissósias, com Adriano Imperador, Ronaldo Fenômeno, Robinho, Cafu, Petkovic, Kaká, Mineiro e Romarinho. “Nossos sósias são bem melhores que os verdadeiros. O Vagner do Pará dá show, é ambidestro, sobe na bola e é veloz”, comenta o Dunga do time, o treinador Max Goiano. Curiosamente, o único nome alterado para o diminutivo foi o de Romário. Michel Alves, o Romarinho, comenta com personalidade de jogador tetracampeão a alcunha que recebeu. “Acho que a principal diferença entre nós é só o tamanho. E um pouquinho de futebol. Falta muito, mas eu também chego aos mil gols.” E quantos você já tem? “Por enquanto três.”

Foto: Érico Hiller
O pontapé inicial do Gigantes do Norte aconteceu em 2007. Na época, o anão Alberto Jorge, conhecido como Capacidade, era mascote do time paraense Tuna Luso, mas queria ser mais. Com apenas 1,30 m, mas muita habilidade, ele conseguiu convencer o técnico da equipe profissional, Carlos Alberto Lucena, a deixá-lo participar de alguns treinos. Num desses encontros surgiu a ideia de formar o time de futebol só com anões. Capacidade, que além de mascote também trabalhava em um programa da televisão local, aproveitou o espaço na telinha para convocar interessados em integrar o time. Bastou uma chamada para que míticos sete anões aparecessem. “Quando vieram 15 começamos a treinar na metade do campo. Agora já somos 22, e o campo inteiro é pequeno pra nós”, diz Capacidade.

Foto: Érico Hiller
As tradicionais piadas viraram cumprimentos nas ruas de Belém e nas cidades do interior em que o time é convidado para jogar. “Agora eles têm até acompanhamento com psicólogo, porque antes não estavam acostumados a ter todo esse contato com o público, a dar autógrafos e a posar para fotos”, conta o preparador físico Wendel Lira. Resultado da fama: marias chuteiras. Vários jogadores do time arranjaram namoradas durante as “turnês” pelo interior do Pará. E não pense que elas também são anãs. “Conheci a minha em Castanhal. Cheguei pra ela e falei: ‘Prazer, eu sou o Vagner Love do Gigantes do Norte. Gostaria de namorar você’”, conta. E ela te acompanha nos jogos? “Não gosto de levar. Prefiro andar mais solteiro pra dar umas piscadas pras gatinhas que conhecemos.” E logo retrocede: “Mas eu sou fiel, viu?”.

Foto: Érico Hiller
Fomos conferir esse assédio e saímos na noite de Belém com alguns jogadores do Gigantes. A noitada seria em um pagode com show ao vivo e regado a cerveja. Adriano, o jogador do Flamengo de famosas baladas no Rio de Janeiro, estava ali representado por sua versão em miniatura. As evidências da fama apareceram quando uma morena abandonou três homens de 1,90 m cada um para tietar, ou melhor, agarrar os anões. A moça só parava de dançar com eles para que os pedidos de foto fossem atendidos. E foram muitos. Um reconhecimento que veio até da banda que estava em cima do palco: “Eu queria agradecer o pessoal do Gigantes do Norte, que leva a bandeira do Pará pro país todo e está aqui hoje fotografando para uma matéria!”.

Os jogos do Gigantes do Norte são sempre atração nas cidades em que passam. Como eles ainda não encontraram outra equipe de anões para encarar no campo, as partidas são amistosos festivos contra times sub-15, meninas ou masters. Mas eles não costumam ter vida fácil. “O pessoal joga duro contra nós. Sabe o que é? Eles não querem perder pra anões, porque aí fica feio. Jogamos em cidades pequenas e todo mundo vai tirar sarro depois”, explica o treinador. Mas nada disso impede que o time vença quase todas as partidas. E com direito a goleadas tão largas quanto as aplicadas ultimamente pelos meninos da Vila – inclusive com dancinhas pra comemorar quando a rede balança.

Foto: Érico Hiller

Os empecilhos que a estatura impõe são driblados com a inteligência. “Quando acontece uma falta contra o nosso time um sobe em cima do outro pra fazer a barreira. Assim o cobrador perde um pouco da visão do gol”, revela Max Goiano. Em caso de escanteio a favor, a tática é a mesma: montar no companheiro. Uma jogada extra ensaiada na tentativa de anotar um gol de cabeça. “Eles já estão bastante práticos, são muito rápidos tanto pra subir quanto pra descer. A torcida vai ao delírio nessas horas.”

Foto: Érico Hiller

O entusiasmo do público, contudo, não tem se convertido em apoio financeiro para o clube. Mesmo com a agenda de jogos cheia nenhum patrocinador se interessa em estampar a marca na camiseta do Gigantes do Norte. Toda a renda vem dos cachês pagos por quem convida o time para jogar. O que banca no máximo a alimentação e o transporte dos atletas. Nos tempos de vacas gordas cada um chegou a receber R$ 500 mensais, mas a fonte secou em alguns meses. Mesmo assim ninguém pensa em deixar a equipe. Por ali todos sabem que o verdadeiro pagamento é poder andar pelas ruas sendo chamado de gigante."



Bem, o texto do Caio termina aí. Pelo que pude constatar, o time passou por alguns problemas em 2012. Brigas internas fizeram com que houvesse um racha no time, incluindo a saída do treinador Carlos Lucena e de parte do elenco. Os motivos se contradizem. Alberto Capacidade afirma que Lucena não dividia o dinheiro igualmente entre os jogadores, ficando sempre com a maior parte, além de tomar decisões sem discutir com a equipe. Lucena, por sua vez, diz que Capacidade criava intriga entre os jogadores sempre que ele não estava perto.

No fim das contas, ficou assim: Lucena foi em busca de novos talentos e montou o Gigantes do Norte 2, com 16 anões, com destaque para Loco Abreu, o único anão japonês do Brasil.

Loco Abreu (esq.) e Neymar (dir.)
Quanto ao Gigantes do Norte, Capacidade foi atrás de patrocinadores para profissionalizar o time. Nem cnpj tinham! Foi então que o empresário Relton Osvaldo surgiu pra se tornar presidente do clube. Contratou um treinador, e a equipe treina 2 vezes por semana num campo society da cidade. Mas a previsão é de que em 2013 eles tenham um campo só pra eles.  

Mais detalhes das notícias, clique aqui. Pra ver o facebook deles, clique aqui.



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Michel Petrucciani


[atenção: este post deve ser lido com a música do Michel ao fundo. Dê play no vídeos abaixo]


Michel Petrucciani nasceu na França, em 28 de dezembro de 1962.
Seu avô era italiano de Nápoles. Seu pai, Antoine Petrucciani, mais conhecido como Tony Petrucciani, foi um renomado guitarrista de jazz e seu professor de música, tendo posteriormente colaborado em vários dos seus álbuns.

Durante as décadas de 1960 e 1970, a família Petrucciani viveu na região de Orange e em Montélimar, onde Antoine Petrucciani instalou uma loja de artigos musicais.
Michel Petrucciani, desde o seu nascimento, deficiente físico, em decorrência de uma forma severa de osteogênese imperfeita - a "doença dos ossos de vidro" ou "ossos de cristal". Além da fragilidade dos ossos, a doença também afetou seu crescimento. Sua estatura era de menos de um metro, e seus ossos podiam se quebrar até mesmo pelo esforço de tocar piano. Como não podia frequentar a escola, tinha aulas em casa, com professores particulares. Mais tarde fez cursos por correspondência. Seu pai fabricou para ele um dispositivo para elevar os pedais do piano e assim, desde os quatro anos, Michel estudou piano e bateria, dedicando-se inicialmente à música clássica e depois, ao jazz. Seus dois irmãos também são músicos: Louis é contrabaixista, e Philippe é guitarrista.


Michel exibiu-se em público pela primeira vez aos 13 anos, acompanhando o trompetista americano Clark Terry.  Aos 15 anos, começou sua carreira profissional, tocando com o baterista e vibrafonista Kenny Clarke, com quem gravou seu primeiro álbum, em Paris.

Depois de um tour pela Fraça, com o saxofonista Lee Konitz, em 1981, transferiu-se para Big Sur, na Califórnia, onde foi descoberto pelo saxofonista Charles Lloyd, que o fez membro do seu quarteto durante três anos.

Seu extraordinário talento musical e suas qualidades humanas lhe permitiram trabalhar com músicos do calibre de Dizzy Gillespie, Jim Hall, Wayne Shorter, Palle Daniellson, Eliot Zigmund,Eddie Gómez e Steve Gadd. 

Entre os numerosos prêmios que recebeu ao longo de sua breve carreira, destacam-se o Django Reinhardt Award. Foi também indicado como "melhor músico de jazz europeu", pelo Ministério da Cultura da Itália.

Michel teve quatro companheiras oficiais:
  • Erlinda Montaño, uma americana descendente de índios navajos, que o introduziu no meio musical dos Estados Unidos (divórcio por volta de 1988).
  • Eugenia Morrison
  • Marie-Laure Roperch, uma canadense com quem viveu a partir de 1990, e com quem teve um filho, Alexandre, atingido pela mesma doença do pai. Ele também tinha um filho adotivo, Rachid Roperch.
  • Gilda Buttà, uma pianista italiana, de quem se divorciou três meses depois do casamento
  • Isabelle Mailé, que o acompanhou nos seus últimos dias de vida, até sua morte, em decorrência de graves complicações pulmonares, no hospital Beth Israel, em Nova York.


Em 2011, o inglês Michael Radford dedicou-lhe o documentaário Michel Petrucciani - Body & Soul . Infelizmente não o encontrei no youtube (há alguns documentários sobre ele, mas nenhum legendado em português).

Wayne Shorter resumiu caráter essencial de Michel Petrucciani nesta citação:
"Há um monte de gente andando por aí, adultos crescidos, os chamados normais, eles têm tudo - eles nasceram com o comprimento certo das pernas, comprimento dos braços, e coisas assim. Eles são simétricos em todos os sentidos, mas eles vivem suas vidas como se estivessem sem braços, sem pernas, sem cérebro, e vivem sua vida com a culpa. Eu nunca ouvi Michel reclamar de nada. Michel não se olha no espelho e se queixam sobre o que viu. Michel foi um grande músico - um grande músico - e grande, em última análise, porque ele era um grande ser, porque ele tinha a capacidade de sentir e dar aos outros aquele sentimento, e ele fez isso através de sua música "


Michel morreu em janeiro de 1999, aos 36 anos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Nelson Ned


Eu me lembro de quando eu era criança, o Nelson Ned foi na igreja Batista onde eu frequentava para contar como foi a sua conversão ao cristianismo. Me lembro dele contando como sua vida era cheia de fama, mulheres, dinheiro. Contou também sobre seu vício em cocaína, e como ele chegou ao fundo do poço. A partir de 1993 Deus havia mudado sua vida, e agora ele só cantava músicas em louvor a Ele.

Mas eu era novo demais pra me dar conta de que aquele sujeito era um grande cara.


Ao participar do programa de televisão 'Conexão Internacional', da extinta Rede Manchete, Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez:
“As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”.
Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”.

Nelson Ned d´Ávila Pinto nasceu na cidade de Ubá, Minas Gerais, em 2 de março de 1947, com o tamanho de um bebê normal, só que com displasia espondilo-epifisária, vulgarmente conhecida como nanismo. Era o primogênito de 7 filhos. Quando ele estava com 5 anos, seus pais o levaram para cantar na Rádio Educadora, e Nelson tornou-se uma celebridade precoce para o pessoal da cidade.

Aos 14 anos foi convidado pelo radialista Aldair Pinto, da rádio Inconfidência de Belo Horizonte, para cantar na sua rádio. Aos 17 anos foi tentar a vida no Rio de Janeiro, mas longe dos palcos: trabalhava na linha de montagem de uma fábrica de chocolates.Cantava em boates cariocas e paulistas antes mesmo dos 18 anos, se escondendo embaixo dos balcões quando o juizado de menores passava.


Tempos depois passou a ser figura recorrente no programa do Chacrinha, que o ajudou muito nesse início de carreira. Nelson o considera um pai na carreira artística.

No programa Moacyr tv, em 1976.

Sua primeira gravação como cantor e compositor foi realizada em 1960, pela Polydor, interpretando "Eu sonhei que tu estavas tão linda" de Lamartine Babo e Francisco Matoso, e "Prelúdio à volta" de Osmar Navarro. Mas o sucesso veio com a música "Tamanho não é documento", feita em parceria com Hamilton Gouveia Bastos.


Ainda em 1960 foi o vencedor do I Festival de la Canción, realizado em Buenos Aires, Argentina, onde interpretou sua composição "Tudo passará", iniciando uma bem sucedida carreira internacional. Sua composição "Será, será" foi sucesso em 1969, e no ano seguinte foi a vez de "Se eu pudesse conversar com Deus".


Em 1973 foi a vez de "Não tenho culpa de ser triste", e em 1984 "Caprichoso", ambas de sua autoria. Fez vários shows internacionais, tanto que até hoje ele é mais conhecido em outros países da América Latina do que no Brasil (veja a página da Wikipédia dele em português e em espanhol, pra vc ver a diferença!). Foi o primeiro cantor latino a vender mais de 1 milhão de cópias, no México em 1974. Assinou com a United Artists e vendeu mais 1 milhão na sequência. (foi o primeiro artista latino a atingir a marca de 1 milhão de discos vendidos nos EUA). Cantou no Carnegie Hall e Madison Square Garden, em New York, em sua turnê americana. Já dividiu o palco com Júlio Iglesias e Tony Benett, mas no Brasil só participava de programas populares, como o do Chacrinha, do Bolinha. Mesmo tendo vendido mais de 50 milhões de discos no mundo, durante sua carreira, nunca foi chamado para cantar na Globo. Talvez por não preencher os padrões de beleza da galera da Jovem Guada.

Em algum lugar dos anos 70, Verdelírio Barbosa, Valdemar Bandeira e João Vrenna, com o cantor Nelson Ned.

Converteu-se à igreja evangélica em 1993, abandonando o vício no álcool e cocaína. Passou a gravar somente canções espirituais que expressavam sua fé cristã. Em 1996, foi lançado no Brasil o livro de Jefferson Magno Costa, "O pequeno gigante da canção", e em 1998, na versão em espanhol, onde sua história de vida é relatada.



Comercial da Bombril com o Nelson.

Homenagem bacana no programa do Ratinho para o Nelson, em meados de 2012.

Outra homenagem, esta feita pelo Gugu, em 2011.


Em 2003 sofreu um derrame cerebral, que o deixou 7 meses de cama. Em 2006 participou do programa mexicano Cantando por u Sueño. A seguir, um vídeo de um dos programas onde ele aparece cantando (alíás é incrível o respeito que o Nelson tem da parte dos mexicanos. Coisa que não acontece aqui no país dele).


Conforme li no blog do Luis Nassif, Nelson Ned atualmente não está muito bem. Está separado de sua esposa, sendo cuidado pela irmã. Em 2012 a casa onde morava na zona sul de São Paulo pegou fogo. Foram destruídos boa parte do acervo do cantor, como fitas, discos e prêmios. A seguir, um vídeo de um programa recente, do Silvio Santos.




Nelson, grande cantor!